sexta-feira, 17 de maio de 2019

D.E.S.M.A.N.D.A.M.E.N.T.O S.E.G.U.N.D.O



Desmandamento Segundo


Liberta-te de jugos sagrados,


Decides por ti mesmo


O teu próprio verbo,


Livre-se de grilhões dogmáticos.


Tua palavra te liberta,

 Agora e sempre.



Marcos Sousa

Da Série: "Versos Profanos"



A.R.R.E.B.A.T.A.M.E.N.T.O D.O P.O.E.T.A




Arrebatamento do Poeta

Demônios voltem para o submundo,
O lar de Hades é teu destino,
Desprenda-te, força repulsiva, das costas do poeta mor,

Jaz a coragem do poeta, mártir do seu povo?

O artesão já talha em cipreste teu ataúde?

O óleo de Nardo
Da extrema unção 
Já escore entre os dedos da mão.

Acorda poeta!
Liberta a palavra,
Dê forma ao poema.

Que chegue o bardo e seus versos,
Pro mundo ficar inquieto.
Chama teu menestrel, 
Desvenda teu verbo.

Desgarra e expulsa os demônios do corpo,
E os mande bem longe, 
Para os mares de fogo de Hades.

Revele em palavras,
Enigmas de oráculo.
Bebei no seu cálice rimas, 
E se faça viver.

Teu juízo não é o final...
Abrace hypnos, com devoção,

Revele-se em versos,
Lapida palavras,
E se faça viver...



Marcos Sousa Da Série: "Versos Profanos"

quinta-feira, 16 de maio de 2019

D.E.S.M.A.N.D.A.M.E.N.T.O P.R.I.M.E.I.R.O



                Desmandamento Primeiro

Ame a você mesmo
Sobre todas as coisas,
E não ame em vão.


Ame quem você quiser amar,
Sem esperar gratidão,
E muito menos servidão 

Ame com equilíbrio, 
Sem fanatismo, possessão ou devoção.
Ame na medida exata da razão. 



Marcos Sousa


Da Série "Versos Profanos"


E.D.U.C.A.Ç.Ã.O A.N.T.I R.A.B.E.C.Ã.O




Educação anti Rabecão



Fita preta e amarela,

Um corpo estendido no chão,
Tempo de nervos e lágrimas,
Aos olhos da multidão.



Em baixo de um lençol branco,
Sangue escorrendo exala,
Vento mostra uma farda,
Grito e choro de mãe.



Vejo sirenes na rua,
Indicam um turbilhão, 
Motos, carros e polícia
E ainda um rabecão.



Agora o sinal já foi dado,
É tempo de retaliação,
Quem deve impor segurança,
Agora é medo e assombração.



O povo fica agitado, 
Alunos ficam em nervos, 
Apelam ao bom sagrado,
Um pouco mais de proteção.



Agora a lei é do cão,
Bala perdida em ação,
Fogo cruzado zunindo,
Acerta outro coração.



É tempo de indignação,
Estado agora te mata,
Abusa com arma na mão,
Escracha, ofende, humilhação,



O povo fica confuso,
O povo fica com medo,
O povo fica recluso,
Aumenta mais a opressão.


Opinião se divide,
Um acha logo que é certo,
O outro que é incorreto,
Cortar na carne é a voz do cão!


A mídia só faz alarde,
Faz a contagem da morte,
Só aumentando o temor,
Desespero e agitação.


O plano já está traçado,
Milícia é sempre polícia,
Operação de limpeza,
É mais um corpo estendido no chão.


Polícia fica ativada,
Milícia desgovernada,
Governo faz que não vê,
O povo bom a padecer.


Antes do tiro certeiro,
E de um novo rabecão,
Vale a melhor segurança,
Hoje, amanhã, educação.


Preocupação é de pai,
Agitação é de mãe,
Quer ver o filho seguro,
No caminho da educação.


Mais um debate se instala,
Direito a vida propaga.
Periferia revolta,
Para frear tanta opressão.


A vida aqui tem valor,
Não vem com abuso, senhor,
Chega pra lá lei do cão,
Vou lhe mostrar indignação.


Se ti chamarem pra lá,
Fazer tocai de sangue,
Ou emboscar inocente,
Não entre nessa meu irmão.


A vida é feita de sonhos,
A vida é feita de luta,
Não perca a sua razão,
O seu caminho é educação.


Não interessa o lugar,
Que você possa estar,
Periferia, exclusão,
O caminho sempre é educação.


Antes do tiro certeiro,
E de um novo rabecão,
Vale a melhor segurança,
Hoje, amanhã, educação.


Aqui no MLC*,
O meu futuro é crescer,
Com meus amigos vencer,
O meu destino é a educação.


Meu filho, acorda!
É de manhã
O tempo não espera,
Presente é o futuro com a educação.


Fita preta e amarela,
Isola mais um corpo no chão.


O tempo não espera,
Presente é o futuro com a educação.

Marcos Sousa

*MLC - Escola Estadual Manoel Leite Carneiro




sábado, 4 de maio de 2019

T.E.M.P.O D.E B.L.U.E.S E M.I.R.A.C.O.L.O




               Tempo de Blues e Miracolo

Tempo, tempo, tempo...

Senhor do destino e da razão...
Por que não paras?

Por que não posso contrariá-lo tempo rei?

Sempre indo e vindo...
Algoz de mim.
Deixa-me navegar no meu blues.

Nunca descansas?

És inquieto por natureza.
E eu aqui no meu próprio tempo.
Hedonista do meu blues.

Ah, pra lá.!
Coisas mil a fazer...
Ponteiros pulsantes, torturantes.
O tempo me pertence!

Triste ilusão.
E eu aqui te olhando,
Deitado feito tolo,
Em meu descanso vão.

Sábio tempo,

Quando serás comprimido?
Para que eu possa lhe tomar,
E todas as pendências sanar.

Tempo vem.

Malditos ponteiros,
Torturantes que passam,
Algoz de meu ócio.

Afasta-te de mim tempo.
Sepulta-te tempo,
Deixa-me viver para as vil aventuras.

Um gole de blues Beth Hart,

Miracolo no copo,
Leve, voo solto, sem destino, 
Sem labor, doce luxúria em sabor.

Marcos Sousa