segunda-feira, 28 de outubro de 2019

T.U.R.B.U.L.Ê.N.C.I.A.S D.A V.I.D.A



Turbulências da Vida


Na vida aprendi que é mais fácil fazer perguntas do que respondê-las,

Aprendi que muitas vezes as pessoas preferem fugir de um problema do que encará-los de frente,

Aprendi também que muitas vezes é mais fácil dissimular a realidade do que encarar um diálogo franco e aberto,

Aprendi que muitas vezes erramos por esperar mudanças nas pessoas que não se movem para que estás mudanças aconteçam,

Aprendi que é mais fácil ser conselheiro quando se está fora de um problema ou indiretamente ligado a ele,

Aprendi que os próprios  erros não significam  automaticamente aprendizagem, mas que há sempre o que aprender com eles,

Aprendi que muitas vezes precisamos pensar em nós mesmos nas situações de desespero para sobreviver e que isto não significa automaticamente egoísmo,

Aprendi que não importa quantas oportunidades você deu a uma pessoa, se esta não valorizar cada oportunidade que teve,

Aprendi que não há soluções fáceis quando se está vinculado a problemas que não depende só de você  resolvê-los,

Aprendi que somos diversos em personalidades e que muitas vezes dissimulamos comportamentos pra sobreviver ou ter vantagens sobre os outros,

Aprendi também que quando se está numa voraz situação de crise é necessário criar meios para se afastar dela e buscar o equilíbrio no seu próprio mundo,

Aprendi também que manter relações de dependência e servidão podem significar  perpetuação dessa condição e nenhum aprendizado,

Aprendi também que nem sempre sabedoria e sensatez prevalecem quando se está a beira do abismo,

Aprendi também que para uma parte das pessoas as situações de crise podem ser oportunidades de mudanças,

Aprendi que muitas vezes aprendemos em tempo de aprender, outras vezes que o tempo de aprender já passou.


(Da Série Reflexões)

L.E.N.Ç.O.L V.O.A.D.O.R



Lençol Voador


Quanta imaginação,
Pura emoção,
Lembrança que vem do coração,

O tempo é tempo de despertar,
Pra levantar e estudar,

Enquanto a coragem não vem,
E o corpo preso  no colchão,
Lençol começa a voar
E me vem imaginação.

Voa lençol,
Suspenso levita no ar,
Suas cores me envolvem em silêncio,
Aos poucos tenho que levantar,

Enquanto você está voando,
Me vejo num campo aberto,
Grama, flores, vento e ar,
Um varal a levitar,

Vejo um céu estrelado,
Cores bonitas a dançar,
Mas o que vejo em desejo,
Vontade contigo voar,

Enquanto a coragem não vem,
Me ponho a imaginar,
Tempo bom de se lembrar,
Meu pai chamando pra levantar.


Para a minha filhota Clara
(Da Série: Inanimados Existências)

I.M.A.G.I.N.A.Ç.Ã.O


Imaginação


Somos seres de imaginação.
Assim podemos, também, nos definir.

Não importa o tempo,
Com quem estejamos,
E nem o lugar,
Somos seres de imaginação.

Somos o que vemos,
O que ouvimos,
O que tocamos,
O que cheiramos.
Somos sensoriais.

Só isso não nós explica.
Somos emoção, 
Também espiritualidade,
Somos razão,
Mas também somos imaginação.

Não a confunda com alucinação,
Muito menos com alienação,
Somos mente inquieta, 
Fértil projeção da emoção.

E.S.T.R.A.N.H.O H.U.M.A.N.O




Estranho Ser

Muito estranho
O ser que um dia
Se tornou humano.
Estranho ser humano!

Por vezes fixa-se em coisas irracionais, 
Em coisas que só fazem sentido a si mesmo,
Mundo estranho,
Pequeno mundo,

Ser estranho,
Coisas estranhas, manias, 
bizarrices, chatices, 
Pequenices, ressentido e rancoroso, 

Não falo de  vícios,
Nem transtornos, 
Falo de miudezas,
Supervalorização de insignificâncias,

Apegos irracionais,
Chatices cotidiana,
Diria "cotidianices"
Ou será "chatidianices",

Estranho ser,
Delírio de si mesmo,
Em seu mundo privê,
Que por vezes se diz
Humano.

Id maior que seu próprio ego,
O que, por vezes, o coloca
Diante de convulsões racionais,
Labirinto de si mesmo.  

terça-feira, 8 de outubro de 2019

4.0 G.R.A.U.S


40 Graus

Mundo, mundo vã,

Vade retro maldições terrenas,

Que aprisionam a sanidade,

Vai, vade retro a alegria fulgás,

Que escraviza a liberdade plena.

Hedonismo movediço e traiçoeiro,

Vá, mas vá logo e de joelhos,

Em asfalto cáusticos de 40 graus,

Para que assim, possa

Desvencilhar-me de meus vícios

Latentes e perigosos.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

S.I.L.Ê.N.C.I.O




Silêncio 

Costumas ouvir o silêncio? 

O que ele te diz? 


O que buscas em sua companhia? 

Você o ouve mais em tempos de angústia, deserto ou aflição? 

Busca-o para contemplação, pra ter serenidade, discernimento, cumplicidade ou razão?


Há momentos duvidosos, 

Tempos nervosos ou tortuosos


Que só o que queremos ouvir é o silêncio,


Companheiro e conselheiro,


Para o equilíbrio fluir,

E a desolação logo sumir. 




V.O.N.T..A.D.E D.E M.I.M E D.E T.I



Vontade de mim e de ti

Quando Alguém
Precisa partir
Mas também
Quer ficar,


Chuva chove 
E me deixa
Ficar aqui,

Vontade de não ir...
Vontade de mim e de ti,
Vontade de partir
E ficar aqui.

Não vou, não!
Não! Vou,
Não vou!
Não voo,

Vontade partir
E ficar aqui,
Vontade de mim
E de tí.


24/09/2019 

D.E.Z.E.N.O.V.E E.S.T.A.Ç.Õ.E.S


                 

                   
                        Dezenove Estações

       Pior que presumir um fracasso de alguém que não se importa de tê-lo,
      
       E nada faz para o reverter,
       
       É presumir a chegada de uma grande decepção,
       
       Nunca desejada de alguém por tanto tempo amado.

      Dezenove estações de amor.
   
      Teu nome ainda é esperado,             
       
      És aquele que deve ter brio de vencedor,

      Mas, precisa querer, por ti mesmo...

      Este é o meu grande desejo, 


   Para que minhas lágrimas alcancem o sentido pleno do meu amor.
   
     Duras palavras pronunciei e a ti direcionei...

     Hoje é tempo de mágoa e frustração,
     
     Tempo de decepção,


     Amanhã, quem sabe,


     Tempo de superação".

sexta-feira, 17 de maio de 2019

D.E.S.M.A.N.D.A.M.E.N.T.O S.E.G.U.N.D.O



Desmandamento Segundo


Liberta-te de jugos sagrados,


Decides por ti mesmo


O teu próprio verbo,


Livre-se de grilhões dogmáticos.


Tua palavra te liberta,

 Agora e sempre.



Marcos Sousa

Da Série: "Versos Profanos"



A.R.R.E.B.A.T.A.M.E.N.T.O D.O P.O.E.T.A




Arrebatamento do Poeta

Demônios voltem para o submundo,
O lar de Hades é teu destino,
Desprenda-te, força repulsiva, das costas do poeta mor,

Jaz a coragem do poeta, mártir do seu povo?

O artesão já talha em cipreste teu ataúde?

O óleo de Nardo
Da extrema unção 
Já escore entre os dedos da mão.

Acorda poeta!
Liberta a palavra,
Dê forma ao poema.

Que chegue o bardo e seus versos,
Pro mundo ficar inquieto.
Chama teu menestrel, 
Desvenda teu verbo.

Desgarra e expulsa os demônios do corpo,
E os mande bem longe, 
Para os mares de fogo de Hades.

Revele em palavras,
Enigmas de oráculo.
Bebei no seu cálice rimas, 
E se faça viver.

Teu juízo não é o final...
Abrace hypnos, com devoção,

Revele-se em versos,
Lapida palavras,
E se faça viver...



Marcos Sousa Da Série: "Versos Profanos"

quinta-feira, 16 de maio de 2019

D.E.S.M.A.N.D.A.M.E.N.T.O P.R.I.M.E.I.R.O



                Desmandamento Primeiro

Ame a você mesmo
Sobre todas as coisas,
E não ame em vão.


Ame quem você quiser amar,
Sem esperar gratidão,
E muito menos servidão 

Ame com equilíbrio, 
Sem fanatismo, possessão ou devoção.
Ame na medida exata da razão. 



Marcos Sousa


Da Série "Versos Profanos"


E.D.U.C.A.Ç.Ã.O A.N.T.I R.A.B.E.C.Ã.O




Educação anti Rabecão



Fita preta e amarela,

Um corpo estendido no chão,
Tempo de nervos e lágrimas,
Aos olhos da multidão.



Em baixo de um lençol branco,
Sangue escorrendo exala,
Vento mostra uma farda,
Grito e choro de mãe.



Vejo sirenes na rua,
Indicam um turbilhão, 
Motos, carros e polícia
E ainda um rabecão.



Agora o sinal já foi dado,
É tempo de retaliação,
Quem deve impor segurança,
Agora é medo e assombração.



O povo fica agitado, 
Alunos ficam em nervos, 
Apelam ao bom sagrado,
Um pouco mais de proteção.



Agora a lei é do cão,
Bala perdida em ação,
Fogo cruzado zunindo,
Acerta outro coração.



É tempo de indignação,
Estado agora te mata,
Abusa com arma na mão,
Escracha, ofende, humilhação,



O povo fica confuso,
O povo fica com medo,
O povo fica recluso,
Aumenta mais a opressão.


Opinião se divide,
Um acha logo que é certo,
O outro que é incorreto,
Cortar na carne é a voz do cão!


A mídia só faz alarde,
Faz a contagem da morte,
Só aumentando o temor,
Desespero e agitação.


O plano já está traçado,
Milícia é sempre polícia,
Operação de limpeza,
É mais um corpo estendido no chão.


Polícia fica ativada,
Milícia desgovernada,
Governo faz que não vê,
O povo bom a padecer.


Antes do tiro certeiro,
E de um novo rabecão,
Vale a melhor segurança,
Hoje, amanhã, educação.


Preocupação é de pai,
Agitação é de mãe,
Quer ver o filho seguro,
No caminho da educação.


Mais um debate se instala,
Direito a vida propaga.
Periferia revolta,
Para frear tanta opressão.


A vida aqui tem valor,
Não vem com abuso, senhor,
Chega pra lá lei do cão,
Vou lhe mostrar indignação.


Se ti chamarem pra lá,
Fazer tocai de sangue,
Ou emboscar inocente,
Não entre nessa meu irmão.


A vida é feita de sonhos,
A vida é feita de luta,
Não perca a sua razão,
O seu caminho é educação.


Não interessa o lugar,
Que você possa estar,
Periferia, exclusão,
O caminho sempre é educação.


Antes do tiro certeiro,
E de um novo rabecão,
Vale a melhor segurança,
Hoje, amanhã, educação.


Aqui no MLC*,
O meu futuro é crescer,
Com meus amigos vencer,
O meu destino é a educação.


Meu filho, acorda!
É de manhã
O tempo não espera,
Presente é o futuro com a educação.


Fita preta e amarela,
Isola mais um corpo no chão.


O tempo não espera,
Presente é o futuro com a educação.

Marcos Sousa

*MLC - Escola Estadual Manoel Leite Carneiro




sábado, 4 de maio de 2019

T.E.M.P.O D.E B.L.U.E.S E M.I.R.A.C.O.L.O




               Tempo de Blues e Miracolo

Tempo, tempo, tempo...

Senhor do destino e da razão...
Por que não paras?

Por que não posso contrariá-lo tempo rei?

Sempre indo e vindo...
Algoz de mim.
Deixa-me navegar no meu blues.

Nunca descansas?

És inquieto por natureza.
E eu aqui no meu próprio tempo.
Hedonista do meu blues.

Ah, pra lá.!
Coisas mil a fazer...
Ponteiros pulsantes, torturantes.
O tempo me pertence!

Triste ilusão.
E eu aqui te olhando,
Deitado feito tolo,
Em meu descanso vão.

Sábio tempo,

Quando serás comprimido?
Para que eu possa lhe tomar,
E todas as pendências sanar.

Tempo vem.

Malditos ponteiros,
Torturantes que passam,
Algoz de meu ócio.

Afasta-te de mim tempo.
Sepulta-te tempo,
Deixa-me viver para as vil aventuras.

Um gole de blues Beth Hart,

Miracolo no copo,
Leve, voo solto, sem destino, 
Sem labor, doce luxúria em sabor.

Marcos Sousa






segunda-feira, 29 de abril de 2019

P.E.R.N.A.S



Pernas


Pernas sinuosas no caminho,

Cruzam perigosamente meus olhos,



Linhas e curvas em tatoo,

Desviam de súbito meu sentido,



Vertigem me deixa sem chão,

O vento me leva no ar,

Suspenso me ponho a sonhar.


Marcos Sousa








sexta-feira, 26 de abril de 2019

T.R.I.B.U.T.O . A.O . P.O.E.T.A



Tributo ao Poeta: Lord Edgar

A poesia chegou em mim,
E me completou...


Bem aventurado seja menestrel do lirismo,
Artesão da palavra,

Que se fez em verso,
Revelando o mistério.


Bem aventurado seja,
Mensageiro da  emoção e do escárnio,
Rastreia sombras em versos,
Desvela sonhos ocultos.

Bardo errante, 

Chegou sem rompante, meio cambaleante.
Pacato e gentil, as vezes arredio,  

Sem níquel emergiu,
E mostrou o seu brio.

Madeixas ao vento, 
Grisalhas do tempo, 
Bastante sereno, 
Chegou o Nazareno.

Trouxe a boa nova,
Febril sentimento, 

Latência em palavras,
Mistério liberto,

Em forma de verso.

Do vazio se fez ideia,
Que agora reluz,

O princípio e o nexo.
Castro é quem conduz.


E agora, quem sou?
Meu batismo chegou,

Agradeço a Edgar.
Esse banho no mar.


Poesia é assim...
Arte que aprisiona,
Prisão que liberta,
Já não sou aridez,
O lirismo fluiu.


Aqui me despeço,
Sincero e grato,

Ao poeta um abraço,
Que é parte de mim.

_____________________
Ao poeta e amigo
Edgar Castro Nazareno

"o ataúde não deu em mim..."
Marcos Sousa






quarta-feira, 24 de abril de 2019

F.O.R.M.A. E C.O.N.T.E.Ú.D.O


Forma e Conteúdo

Mulheres, imãs e enigma em forma e conteúdo.

Pele, pescoço, cabelo, braço e nariz, sem mencionar o dorso dos pés.

Sabem o que são. 
Formas dispersam a real atenção. 

Huuummm... e o cheiro?
Muito envolvente!
Irresistível! Viagem no ar...

Bocas risíveis, dentes encantam, lábios flamejam, olhos convidam.

Sabem onde estão.
Não navegam em mundo flores.
Nadam contra a corrente,
Do machismo e da opressão.

Para além da aparência, são mulheres de sonhos, ocupam espaços, enfrentam algozes.

Sabem bem o que querem.
Respeito, igualdade, 
Lugar na história a faz ser mulher.

Assim se definem, 
No tempo presente, 
Negando o arcaico, 
Expelem o vulgar,
Sol a conquistar.

Forma e conteúdo,
Costela desfez, 
O verbo a refez,
Reificou sua vez.


Marcos Sousa




terça-feira, 23 de abril de 2019

T.R.Ê.S G.E.R.A.Ç.Õ.E.S




Três Gerações

Abro a janela.
Vento frio invade meu quarto, cortina revolta suspensa no ar.
Afora areia molhada, gotas de chuva desprendem no tempo.

Olhos procuram a imagem do tempo.
Dia e noite, pele, cabelo, ponteiros do tempo que insistem em passar.

Olhos perdidos no tempo, na areia da praia e no vento.
Águas calmas deitam no colo da areia, que a abraça e a envolve, gentil, num tempo perene que não vai passar.

Sozinhos na praia, três gerações do tempo, amálgama e síntese, memórias, histórias e afetos.
É fim de tarde. O sol, a areia e o vento;
É o tempo...

Sentados em bancos de areia os mais jovens, crianças enterram os pés e desenham no chão;
Tempo de sonho e aventura, vida sem pressa, coragem, sorriso e paixão.
É o tempo...

Adiante um casal lado a lado pousou,
Conversam na areia, um livro na mão, olhando o sol, que se põe.
Cabelos revoltos no vento, sorrisos e olhares de encantamento, a onda chegando, lavando os pés.
É o tempo...

Bem perto o relógio se mostra implacável, pele enrugada, passos lentos, três gerações de rebentos, nadando contra a corrente do tempo.
Outrora criança, amante e sonhos, agora retinas fatigadas, alvos cabelos revoltos.
É o tempo...    

Ah! Que tormento, sem alento.
Ponteiros que insistem em mudar.
Moldagem visível do tempo ar.
Certeza que a brisa e o vento, insistem moldar.

Marcos Sousa



domingo, 21 de abril de 2019

T.A.P.E.T.E E P.O.E.I.R.A





Tapete e Poeira


Pensa em algo que eu não gosto de fazer. Lavar tapetes e pano de chão.

Quando limpos estes não devem ser arrumados no mesmo lugar. Devem ficar separados. Não há nenhum sentido nisso. Assim aprendi e é quase uma mania a me dominar.

Quando sujos sim, podem ser misturados, de molho, em água e sabão, num caldo só, até a sujeira desapegar, e, depois de esfregar muito, fica estendido no sol e no ar.

Parece até discriminação. Não deixa de ser. Quando limpos ficam separados. Sim discriminação de tapetes e panos de chão, mas não como uma segregação do tipo “racial”.

Panos e tapetes não sabem que existem. Pessoas sim sabem. Ainda que não consigam definir com clareza quem são, de onde vem e pra onde vão.

Tapetes e panos possuem todos os dias a mesma missão: lidar com poeiras que caem no chão.

Impossível acabar com poeiras. 
Limpa um canto, suja o outro. Todos os dias existem. Dia e noite é precipitação.  E dão sentido aos tapetes e aos panos de chão.

Talvez por isso estes, se pensassem, saberiam responder “o que eu sou?”.

Diriam, se minha existência está ligada a “limpeza” do mundo, algo impossível pois, desde que o mundo é mundo, poeiras sempre existiram e logo, minha existência é em vão. Trágica conclusão.

O ser que existe - dito humano - ou que pelo menos pensa que existe, vive todo dia, pisando em tapetes e panos de chão, que guardam poeiras pra si, tudo em vão.

Eternas poeiras cósmicas, nunca findarão, sempre existirão. Será que são seres inanimados ou princípio da evolução escrachando com a criação?.

E por que se fez luz no princípio? Por que já existia poeira, muito densa, vastidão. 


Densa e perturbadora e seus fragmentos contínuos, se estendem até hoje pelos cantos da sala e no chão.

Revelado o sentido da existência do tapete e do pano de chão, seres inanimados, que quando limpos, não devem ser organizados no mesmo vão.

O ser que o pisa e limpa seus pés no tapete, por tempos ainda há de se perguntar “de onde vim?” e também resmungar até quando vão existir poeiras no chão.

Ser insano, se acha pensante e ignora a razão.



Marcos Sousa


* Da série de poemas "Inanimados Existenciais"


terça-feira, 16 de abril de 2019

A.R.O.M.A D.E C.A.F.É


Aroma de Café

Cheiro de café sinto no ar.
Ainda é cedo. chove lá fora...
De olhos fechados, ouço gotas de água caindo no chão.
O corpo ainda não acordou.
Aroma de café me leva longe,
Num tempo em que eu tinha minha mãe.

Era jovem, muito jovem. Não era o que hoje sou...
Não conhecia labuta e as agruras do mundo,
Rebentos ainda não tinha.

Nas manhãs de outro tempo,
Cheiro de café invadia meu quarto
Forte aroma despertava meus sentidos,
Num tempo em que eu só estudava.

Cedo, mãos de minha mãe já labutavam.
Meu quarto ao lado da cozinha tudo ouvia.
Café em aroma me invadia.
Água da torneira caindo,
Ruídos de vidros ecoam.

Um fino estampido,
Ruídos sonoro tilintam,
Aliança sagrada em atrito com louças, copos e outros metais mais.

Todos os dias...
Fui criado assim...
Sem perceber tudo que recebi.

Hoje, adulto, viajo no tempo, memória, passado e presente.
Saúdo um tempo que ainda há em mim.

Que cheiro bom!
 Me ponho de pé
Afasto a cortina
lhe dou meu bom dia.

O que hoje eu queria?
O que ouvi todo dia,
Sem ter muita alegria,
Um pouco mais eu queria...

Aroma de café e a doce palavra “bom dia”.
“__Acordou bem na hora. O café tá na mesa...”

Ainda é cedo...
Gotas de chuva desprendem no ar.
O corpo no tempo ainda quer viajar.
Num tempo de um tempo
Que nunca mais vai chegar.

Saudade tem nome.
Aroma no ar.
Ainda é cedo.
Não sei bem a hora,
Silêncio e pensar.
Marcos Sousa