terça-feira, 23 de abril de 2019

T.R.Ê.S G.E.R.A.Ç.Õ.E.S




Três Gerações

Abro a janela.
Vento frio invade meu quarto, cortina revolta suspensa no ar.
Afora areia molhada, gotas de chuva desprendem no tempo.

Olhos procuram a imagem do tempo.
Dia e noite, pele, cabelo, ponteiros do tempo que insistem em passar.

Olhos perdidos no tempo, na areia da praia e no vento.
Águas calmas deitam no colo da areia, que a abraça e a envolve, gentil, num tempo perene que não vai passar.

Sozinhos na praia, três gerações do tempo, amálgama e síntese, memórias, histórias e afetos.
É fim de tarde. O sol, a areia e o vento;
É o tempo...

Sentados em bancos de areia os mais jovens, crianças enterram os pés e desenham no chão;
Tempo de sonho e aventura, vida sem pressa, coragem, sorriso e paixão.
É o tempo...

Adiante um casal lado a lado pousou,
Conversam na areia, um livro na mão, olhando o sol, que se põe.
Cabelos revoltos no vento, sorrisos e olhares de encantamento, a onda chegando, lavando os pés.
É o tempo...

Bem perto o relógio se mostra implacável, pele enrugada, passos lentos, três gerações de rebentos, nadando contra a corrente do tempo.
Outrora criança, amante e sonhos, agora retinas fatigadas, alvos cabelos revoltos.
É o tempo...    

Ah! Que tormento, sem alento.
Ponteiros que insistem em mudar.
Moldagem visível do tempo ar.
Certeza que a brisa e o vento, insistem moldar.

Marcos Sousa



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