Três Gerações
Abro a janela.
Vento frio invade meu quarto,
cortina revolta suspensa no ar.
Afora areia molhada, gotas de
chuva desprendem no tempo.
Olhos procuram a imagem do tempo.
Dia e noite, pele, cabelo, ponteiros
do tempo que insistem em passar.
Olhos perdidos no tempo, na
areia da praia e no vento.
Águas calmas deitam no colo da
areia, que a abraça e a envolve, gentil, num tempo perene que não vai passar.
Sozinhos na praia, três gerações
do tempo, amálgama e síntese, memórias, histórias e afetos.
É fim de tarde. O sol, a
areia e o vento;
É o tempo...
Sentados em bancos de areia os
mais jovens, crianças enterram os pés e desenham no chão;
Tempo de sonho e aventura,
vida sem pressa, coragem, sorriso e paixão.
É o tempo...
Adiante um casal lado a lado
pousou,
Conversam na areia, um livro
na mão, olhando o sol, que se põe.
Cabelos revoltos no vento, sorrisos
e olhares de encantamento, a onda chegando, lavando os pés.
É o tempo...
Bem perto o relógio se mostra
implacável, pele enrugada, passos lentos, três gerações de rebentos, nadando contra
a corrente do tempo.
Outrora criança, amante e
sonhos, agora retinas fatigadas, alvos cabelos revoltos.
É o tempo...
Ah! Que tormento, sem alento.
Ponteiros que insistem em
mudar.
Moldagem visível do tempo ar.
Certeza que a brisa e o
vento, insistem moldar.
Marcos Sousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário