Encontro
Casual, fortuito, ao acaso.
O encontro com a poesia.
Tropeço, acidental e imprevisível.
Água doce, luz, magia.
Não posso dizer que as palavras
Estavam perdidas em mim.
Talvez, melhor dizer que houve um desencontro.
No tempo, no espaço e na forma.
Palavras sempre estiveram comigo.
Companheira de caminhadas.
Em aventuras, angústia e solidão.
Parceira de sonhos e de reflexão.
Por vezes a uso de forma áspera.
Outras vezes de forma ardil.
Muitas vezes a uso como esperança
Em outros tempos com muita revolta
Gosto mesmo da sua forma gentil.
Assim resplandece a palavra.
Magnética, eletrizante e mágica.
Graciosa, de amor e sarcasmo.
Muitos são seus significados.
Mas eram em linhas de prosa.
Jamais desprezei essa forma.
Ela é parte de mim.
Sal, ar, palavras venosas.
Prezada seja a retórica!
Louvado seja o argumento!
Sagrado seja o diálogo!
Agora e em qualquer tempo.
Mas faltava o belo encontro: palavra, poesia e encanto.
Rejeita forma cristalizada, mais ainda sacralizada.
Poesia e sacralização lembra rima de profanação.
Num tempo de escuridão.
Vale palavras singelas. Sim!
Palavras de indignação. Também!
Vale mesmo é soltar a imaginação. Porque não!
No olho do furacão.
Palavra e poesia com fruição.
Com alegria, sem devoção, muito menos gratidão.
Onde se fez palavra, também se fez artesão.
Alimento e libido da alma
Fruto permitido do oitavo dia.
Maná se fez em poesia.
Lustra a alma de alegria.
Assim se fez este encontro,
De um jeito que bem lhe conto
Palavras com rima e sem rima
Agora o acaso é um tempo,
Lapida meu pensamento
Devir, existir e fluir.
Marcos Sousa
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