terça-feira, 16 de abril de 2019

P.É D.E M.E.S.A



Pé de Mesa

Hoje é domingo,
Aroma de café na minha cama.
Chuva fina cai lá fora,
Tempo de espreguiçar,
E um café pra tomar.

Na mesa sozinho estou.
Gota d’água ouço na pia,
Tilintar metal no ar.

Não há companhia, só o silêncio,
Mundo sem sentido.
Sozinhos, o que somos?
Pergunta no ar...

Não houve, bom dia!
Ou, como o senhor está?
Ouço apenas o silêncio.
Gotas e um tilintar.

Passarinhos ainda dormem.
Não é tempo de acordar.
Cada um tem o seu sonho,
Livre e soltos vão voar.

No quarto todos estão.
A mesa vazio restou,
Me encontro só com o tempo,
Tempo que não parou.


Risos e palavras bem ditas a mesa.
Histórias e estórias de rir e de chorar.
E o tempo persiste e teima em passar.

Querelas matinais a mesa,
Cadeiras preferidas,
Xícaras escolhidas.
E a disputa diária, oculta aos olhos, aos pés da mesa.


Cheguei  primeiro! diziam sempre.
Não é qualquer contenda.
Pés nos pés da mesa.

Pé de mesa é território em disputa.
Toda manhã.
Embaixo da mesa,
Pé de mesa, pé de querelas.

Igual ao beijo de mãe e ao beijo de mulher,
Beijo de despedida como amuleto da sorte
Que deixa marca vermelha no dorso da mão.

Pés de mesa e pés de moleque, moleca também.
Curvas concavas, perfeitas. 
Macio encaixe das palmas dos pés
Como massagem de mãe, sem pressa de acabar.

Eterna disputa que tempo levou.
A mesa sozinho,
Lembranças de um tempo que pra mim ficou.

Ah!
Mas, hoje é domingo.
Pé de mesa amarela.
Abri a janela que o tempo levou.

Marcos Sousa




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