Pé de Mesa
Hoje é domingo,
Aroma de café na minha cama.
Chuva fina cai lá fora,
Tempo de espreguiçar,
E um café pra tomar.
Na mesa sozinho estou.
Gota d’água ouço na pia,
Tilintar metal no ar.
Não há companhia, só o silêncio,
Mundo sem sentido.
Sozinhos, o que somos?
Pergunta no ar...
Não houve, bom dia!
Ou, como o senhor está?
Ouço apenas o silêncio.
Gotas e um tilintar.
Passarinhos ainda dormem.
Não é tempo de acordar.
Cada um tem o seu sonho,
Livre e soltos vão voar.
No quarto todos estão.
Cada um tem o seu sonho,
Livre e soltos vão voar.
No quarto todos estão.
A mesa vazio restou,
Me encontro só com o tempo,
Me encontro só com o tempo,
Tempo que não parou.
Risos e palavras bem ditas a mesa.
Histórias e estórias de rir e de chorar.
E o tempo persiste e teima em passar.
Querelas matinais a mesa,
Cadeiras preferidas,
Xícaras escolhidas.
E a disputa diária, oculta aos olhos, aos pés da mesa.
Cheguei primeiro! diziam sempre.
Não é qualquer contenda.
Pés nos pés da mesa.
Pé de mesa é território em disputa.
Toda manhã.
Embaixo da mesa,
Pé de mesa, pé de querelas.
Embaixo da mesa,
Pé de mesa, pé de querelas.
Igual ao beijo de mãe e ao beijo de mulher,
Beijo de despedida como amuleto da sorte
Que deixa marca vermelha no dorso da mão.
Pés de mesa e pés de moleque, moleca também.
Curvas concavas, perfeitas.
Macio encaixe das palmas dos pés
Macio encaixe das palmas dos pés
Como massagem de mãe, sem pressa de acabar.
Eterna disputa que tempo levou.
A mesa sozinho,
Lembranças de um tempo que pra mim ficou.
Ah!
Mas, hoje é domingo.
Pé de mesa amarela.
Abri a janela que o tempo levou.
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